A Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana esteve reunida com a direção da Farsul nessa terça-feira, 09/09.O objetivo da Comissão é apurar tentativas de criminalização de movimentos sociais a partir de iniciativas do Ministério Público Estadual, decisões do Poder Judiciário e ações da Brigada Militar. O Ouvidor Agrário do Estado, Adão Paiani, disse que a intenção do encontro foi dar voz à Farsul e aos produtores rurais para apresentarem a versão da entidade dos fatos que envolvem as ações do MST no Estado.A reunião foi coordenada pelo vice-presidente da Comissão, Percílio de Sousa Lima Neto; e pelo Ouvidor Agrário Nacional, Gercino José da Silva Filho. O assessor jurídico da Farsul, Nestor Hein, criticou a falta de personalidade jurídica do MST que não pode ser responsabilizado pelas ações realizadas e a insistência do movimento em invadir a fazenda da família Guerra, em Coqueiros do Sul, que foi considerada produtiva e a fazenda Southall, em São Gabriel, que teve o decreto de desapropriação negado pelo STF. Hein destacou o comportamento exemplar do governo do Estado nas ações de reintegração de posse e criticou o ensino segregado das escolas do MST. O Ouvidor Gersino da Silva elogiou as escolas do MST e considerou equivocada a posição do Ministério Público Estadual contra as marchas dos sem-terra e dos produtores e a determinação de pôr fim a acampamentos em propriedades cedidas ao MST. O presidente Carlos Sperotto reafirmou que no RS não existem terras improdutivas e que não há violência envolvendo a questão fundiária porque existe autoridade e crença na segurança pública. O Ouvidor Agrário Nacional concordou que o RS não tem terras improdutivas e pediu que a Farsul ajude a encontrar áreas para desapropriar ou vender para fins de reforma agrária. Sperotto respondeu que o Brasil possui áreas disponíveis em outros estados para promover assentamentos. "Enquanto o Brasil tem 71 milhões de hectares disponíveis, os movimentos sociais já receberam 77 milhões de hectares para assentados que são mantidos com cestas básicas do governo e não têm produção reconhecida, por isso, a Farsul não pode se acoplar ao projeto de reforma agrária que está fora da realidade", ressaltou Sperotto. Ele alertou que a Farsul não interfere na vontade de quem quer vender terra, mas relatou que os produtores ficam em pânico diante da possibilidade de ter vizinhos do MST. Acrescentou que o Incra só estimula balbúrdia, acolhendo acampados em assentamentos. Sperotto encerrou dizendo que o governo Yeda Crusius cumpre as regras do estado de direito e que a justiça do RS é justa e a Brigada Militar não pratica repressão desproporcional. Também questionou se realmente a Comissão seria paritária. O relator da Comissão, Fernando Mattos, considerou o encontro extremamente positivo, afirmando que foi aberto o caminho do diálogo. "Nós estamos aqui em busca de informações. O papel da Comissão é de analisar o processo de criminalização dos movimentos sociais e propor alternativas e sugestões, e informações foram prestadas que serão levadas ao conteúdo do relatório final da Comissão", concluiu.
Farsul recebe Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
Farsul recebe Comissão Especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana
09/09/2008 00:00