Ao reunir mais de 150 pessoas no auditório do Sistema Farsul, em Porto Alegre, nesta segunda-feira (15/07), a 47ª Etapa do Fórum Permanente do Agronegócio simbolizou o vigor desse espaço de discussão dos temas do setor. Nos próximos três meses já há pelo menos três novas etapas confirmadas e outras em fase de planejamento. Na próxima quinta-feira, em São Francisco de Assis, a 48ª edição do Fórum discutirá a resistência do carrapato a carrapaticidas; nos dias 14 e 15 de agosto e 12 e 13 de setembro, haverá edições do ciclo "De Onde Virão os Terneiros?", em Alegrete e São Luiz Gonzaga, respectivamente, com uma grande edição final no dia 28 de outubro, em Santa Maria. O evento desta segunda-feira foi promovido pela Comissão das Produtoras Rurais da Farsul e Casa Rural - Centro do Agronegócio, com o apoio do Senar-RS. "A presença de uma grande plateia hoje é a melhor resposta sobre o êxito do Fórum Permanente do Agronegócio, que tem trazido temas importantes do setor para discussão", afirmou o presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, que saudou a grande presença de produtoras no evento. "Hoje, a mulher é gestora, empreendedora e líder na propriedade rural. Essa é uma revolução que está acontecendo no campo", disse. A presidente da Comissão das Produtoras Rurais da Farsul, Zênia Aranha da Silveira, afirmou que a alta presença e intensa participação do público refletem a programação, com temas diversos e atuais, a qualidade dos palestrantes e o período adequado do ano, no qual as tarefas do calendário agrícola costumam ser menos intensas, permitindo mais tempo para qualificação pessoal dos produtores. E a Comissão prepara novos eventos. "Já estamos com um ciclo de palestras e degustações confirmado para a Expointer", adiantou Zênia. Um dos palestrantes da 47ª Etapa do Fórum Permanente do Agronegócio, o deputado federal Alceu Moreira (PMDB/RS), falou sobre a necessidade de instalação da CPI da Funai. A instalação da Comissão foi solicitada por 217 parlamentares, número suficiente de assinaturas, para apurar irregularidades em processos de demarcação de terras indígenas, entre outras questões, mas sua implantação depende de determinação do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves. "Existe uma pressão muito grande do governo para que a CPI não seja instalada, mas acredito que uma forte pressão do campo em sentido contrário seja o caminho para a realização", afirmou Moreira. Outro palestrante foi o filósofo Denis Rosenfield, que falou sobre as recentes manifestações de rua que marcaram o país nos últimos dias. Ele se mostrou entusiasmado com a espontaneidade do movimento. "Os movimentos sociais organizados e partidos políticos perderam a voz das ruas", afirmou. "No último dia 11 (dia de greve geral convocada por centrais sindicais), CUT, UNE e outros movimentos organizados tentaram ocupar as ruas, mas não somaram 90 mil pessoas no país, muitos deles pagos. Era visível a ausência de manifestantes e o caráter apático, burocrático, daqueles que ali estavam", completou. A tarde foi encerrada com a palestra motivacional do consultor Heinz Schurt, que falou sobre liderança, gestão e participação da mulher na sociedade. Ele lembrou que as mulheres influenciam hoje cerca de 80% das decisões de compra. Também destacou a importância do planejamento para levar projetos adiante e recomendou que os empresários tenham sempre metas mensuráveis, específicas, alcançáveis e significativas. Pela manhã, a produtora rural Yara Suñe, que administra a Estância Querência, de sua família, em Lavras do Sul, há 14 anos, falou sobre gestão na propriedade rural. "Na nossa propriedade, houve evolução quando passei da fase de uma gestão simplesmente operacional para uma gestão sistêmica e estratégica da propriedade", exemplificou. "O produtor sabe produzir muito bem, com tecnologia, no Brasil. Mas na hora da comercialização e marketing ainda tem muito a evoluir", complemento Maria Flávia Tavares, coordenadora do Núcleo de Agronegócio da ESPM-RS, outra palestrante do dia. Para ela, os produtores devem cada vez mais fugir da commodity e buscar agregar valor ao produto, atingindo nichos de mercado que paguem mais. Já o assessor técnico do Sistema Farsul Eduardo Condorelli falou sobre o Cadastro Ambiental Rural (CAR), que todos os produtores terão de preencher, segundo exigência do novo Código Florestal, e que ainda está em desenvolvimento pelo Ministério do Meio Ambiente. "Esperamos que o CAR esteja operando em 60 dias, e a ideia é que seja de fácil preenchimento e com possibilidade de preenchimento online e offline, como ocorre no Imposto de Renda", disse. Clique aqui para ver fotos da noticia.