O Governo federal e as tradings deveriam ser mais ativos no financiamento da produção de soja diante da crise financeira mundial, para evitar a redução de recursos disponíveis para o custeio do plantio da safra 2008/2009. A avaliação é do presidente da Câmara Setorial da Soja, Rui Ottoni Prado, após cerimônia de instalação da nova câmara setorial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília. "As tradings deveriam ser mais agressivas, assim como o Tesouro Nacional", ressaltou. Prado comentou o afastamento do financiamento privado das atividades rurais, no qual as tradings respondem por 30% a 40%. Para ele, o crédito oficial deveria ser a principal fonte de recursos para fomentar a agropecuária. "Quem mais deveria investir no fomento é o Governo, enquanto as tradings poderiam ajudar na comercialização da produção", enfatizou o presidente da Câmara, que também preside a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO) e a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). As críticas à queda do financiamento das tradings foram levantadas pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, que presidiu a instalação da Câmara Setorial da Soja. "Era necessário maior responsabilidade por parte das tradings, que se afastaram em um momento difícil, pois as nossas perspectivas para esta safra são boas", argumentou o ministro. Segundo Rui Prado, as tradings são, hoje, as principais responsáveis pelo financiamento da sojicultura. Como esta fonte de recursos está menos disponível no mercado, diminuirá o uso dos fertilizantes nas lavouras. Como conseqüência, o presidente da Câmara estima queda de 3% na área plantada e de 10% da produção de soja. "Ficará difícil manter a atual produção", alertou. O presidente da Câmara Setorial também prevê redução no atual contingente exportado da soja, que hoje lidera a pauta de vendas externas do agronegócio. De janeiro a setembro, o embarque do complexo soja (grãos, farelo e óleo) totalizou US$ 15,3 bilhões, 71% a mais que no mesmo período do ano passado. Rui Prado informou que uma das primeiras demandas da Câmara Setorial da Soja é reivindicar ao Governo um preço de referência para o projeto de pelo menos R$ 34,00 por saca de 60 Kg, para que o preço pago ao produtor rural se equipare aos custos de produção. Segundo ele, o atual preço é de R$ 20,00 por saca. "Os custos de produção aumentaram muito e o produtor hoje está no vermelho. Por isso vamos pedir ao Governo mais crédito e a sinalização de um valor referencial", explicou o presidente da Câmara. Afirmou, ainda, que o setor anda apreensivo pelo fato da safra estar na metade do plantio e os recursos anunciados recentemente pelo Governo para apoiar a atividade agropecuária não terem chegado ao produtor. No atual momento, destacou que a Câmara setorial cobrará soluções efetivas e rápidas para que o sojicultor possa produzir com segurança. "Pela falta do suporte necessário, o produtor hoje planta no escuro e temos que plantar todos os anos", disse ele.
Setor reclama maior agressividade das tradings e do Tesouro no financiamento da soja
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29/10/2008 01:00