Farsul

Associações rurais da América do Sul debatem legislação ambiental da União Europeia

Representantes de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai compareceram ao encontro


- Emerson Foguinho / Divulgação Sistema Farsul

Regras ambientais adotadas pela União Europeia foram o principal tema da reunião do Conselho Consultivo da Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm), na tarde desta quinta-feira, 31, na 46ª Expointer. A legislação é aplicada nas relações comerciais de produtos agropecuários. O encontro realizado na Casa da Farsul, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, reuniu representantes de Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, países que integram o bloco econômico, e convidados de Bolívia e Chile.

A apresentação do tema ficou a cargo da diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori. A palestra Os impactos da legislação antidesmatamento europeia no comércio agrícola internacional examinou a participação da União Europeia no agronegócio mundial e o chamado Green Deal, o Pacto Verde Europeu. A legislação, que entrou em vigor em junho deste ano, afeta sete cadeias produtivas do agro -soja, café, carne bovina e couro, cacau e chocolate, madeira e móveis, borracha, e óleo de palma. A União Europeia é o segundo destino das exportações brasileiras do agro. Para o Mercosul, o bloco representa o terceiro destino, ficando com 14% da produção. "As regras antidesmatamento constituem apenas um aspecto do Green Deal", salientou Mori.

A norma adotada determina que todos os produtos em circulação na União Europeia devem ser livres de desmatamento desde 31 de dezembro de 2020 - ou seja, não podem ter origem em área que tenha sido aberta depois desta data. Além disso, se exige que tenham sido produzidos de acordo com legislações nacionais relevantes. Os países serão classificados como de risco baixo, padrão ou alto. Os principais critérios para a avaliação serão as taxas de desmatamento ou degradação florestal e a taxa de expansão agrícola da cadeia produtiva.

O presidente do Sistema Farsul e segundo vice-presidente da CNA, Gedeão Pereira, propôs argumentar junto à União Europeia a importância do Brasil como potência ambiental mundial. "Precisamos demonstrar o que somos no foro adequado, que é o Mercado Comum Europeu, em Bruxelas. A Europa não é unânime em relação às restrições que estão sendo impostas ao Mercosul", disse. Pereira salientou a importância de o diálogo ser estabelecido em parceria entre a iniciativa privada e o governo. "Temos de ter um bloco do Mercosul, com participação dos governos", afirmou.

Presente ao encontro, o ministro de Ganadería, Agricultura y Pesca do Uruguai, Fernando Mattos, ressaltou a importância de os representantes do agronegócio do Mercosul "visualizarem uma estratégia" que evitem serem considerados "os vilões das mudanças climáticas e da elevação da temperatura global". Mattos sugeriu a realização de negociações diretas com a União Europeia o quanto antes: "Precisamos agir rapidamente, tendo uma reunião em uma sala como esta, cara a cara, com negociadores de alto nível".

 

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