Farsul

Farsul promove reunião sobre Seguro Rural

Estiagem irá impactar na contratação para próxima safra


As perdas da última safra seguirão impactando na safra 2022/2023, especialmente na contratação do Seguro Rural. Em razão disso, a Comissão de Crédito Agrícola e Seguro Rural da Farsul realizou reunião no dia 29 de junho para discutir a contratação da ferramenta. O encontro aconteceu de forma virtual e contou com a participação e representantes das principais seguradoras que atuam no estado e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O coordenador da Comissão e vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad, abriu o encontro destacando a importância do seguro neste ano em que foram computadas grandes perdas em razão da estiagem. Ele lembrou que apesar dos prejuízos registrados na safra 2021/2022, a maior quebra registrada no verão ainda é a de 2004, quando ainda não havia seguro ou algum outro mitigador. "Em 2011/2012 também tivemos perdas, com média de 21 sacos. Aí houve uma grande mudança em todas as seguradoras. Por iniciativa da Farsul e CNA, mudamos alguns conceitos e percentuais. Tanto é que hoje a Brasil Seg começou a adotar o sistema Referencial Técnico de Atratividade Agropecuária (RTA) e as empresas privadas a média IBGE. Também houve o reconhecimento de fidelidade dos produtores. Melhorou nos dois sentidos e foi justamente a primeira safra que o seguro praticamente atuou", recordou.
Para Konrad, a importância do seguro rural ficou evidente no último período. "Os produtores, especialmente os arrendatários, permanecem na atividade graças ao seguro. Eu ainda o recomendo, mesmo que tenha uma elevação de custos aos produtores e assistentes técnicos. Oriento que seja feito o plantio com a cobertura do seguro porque não existe mais aquela rentabilidade com margem para a gente prorrogar conta e pagar custeio não assegurado", avaliou.
O reajuste previsto para a contratação do seguro para a próxima safra foi o motivador para a reunião. O objetivo era apresentar um retrato do atual cenário para que haja a compreensão das razões para o aumento. O gerente de Produtos da Brasil Seg, Daniel do nascimento, trouxe o panorama atual do mercado de seguro agrícola. Os dados apresentados demonstram que o mercado de seguro rural no país cresceu, na comparação entre 2020 e 2021, 43%. O número de sinistro teve um acréscimo de 119% e a sinistralidade, que é a relação entre o que a seguradora paga e o que recebe, 53%.
No caso do Rio Grande do Sul, nascimento informou que na relação entre 2020 e 2021 o aumento foi de 51% na contratação e queda de 72% no sinistro e 82% na sinistralidade. Já comparação entre todo 2021 e até abril 2022 houve retração de 79% no prêmio, aumento de 696% nos sinistros e 3.626% na sinistralidade. Entretanto, o economista-Chefe da Farsul, Antônio da Luz, lembrou que a maior parte da contratação do seguro rural acontece no segundo semestre e o resultado deve ser alterado, não demonstrando o resultado definitivo do ano.
Os pontos levantados por Nascimento que influenciam na composição do seguro são o plantio fora do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC); uso de sementes não certificadas; Risco Moral (como levar o perito até área que não está segurada); além das perdas acentuadas (duas em três safras consecutivas).
O diretor Comercial da Agro Brasil Seguros, Moacir Emmer, afirmou que o resultado da safra de verão foi catastrófico para todos. "Pesou muito a questão da frequência de sinistros neste ano e acabou trazendo uma carga operacional gigantesca para as companhias. É importante ressaltar as dificuldades que todos enfrentam. Principalmente as seguradoras que operam como nós que tivemos 100% das áreas vistoriadas, onde peritos foram a campo fazer os levantamentos", disse.
Emmer informou que a próxima safra será de dificuldade e que a empresa ainda segue em negociação para abertura das vendas das apólices, principalmente para os produtos multirriscos. "A taxa de risco é alta. A distribuição é importante para que se possa atingir os resultados. O mercado precisa entender a importância do seguro agrícola. O produtor tem que ter em mente que o seguro agrícola não é para cobrir pequenas perdas, ele é para cobrir eventos como que tivemos neste ano. Um evento climático acaba impactando bastante na rentabilidade do produtor e é isso que precisamos estar preparados para superar", esclareceu.
O diretor do Departamento de Gestão de Risco do Mapa, Pedro Loyola, apresentou o trabalho que vem sendo realizado pelo Governo Federal para o setor de seguro rural. Ele informou que o trabalho iniciou em 2018 com onze operadoras e hoje já são 16, com mais duas se habilitando para o Programa de Seguro Rural (PSR).
Atualmente, o Rio Grande do Sul responde por 21,4% do total de subvenções do país. Sendo a soja responsável por 41% desse total. Os dados apresentados por Loyola mostram que entre 2018 e 2021, o estado quase triplicou o número de beneficiários, quadriplicou a área, aumento em quase seis vezes o valor segurado e mais que triplicou a subvenção. As informações estão disponíveis no Atlas do Seguro Rural, no site do Mapa.
O diretor também ressaltou o trabalho de qualificação que vem sendo realizado. Assumimos com cerca de 700 peritos, hoje são mais de 1.500. Estamos trabalhando na capacitação de profissionais de seguro rural para que daqui dois, três anos tenhamos todos os profissionais certificados sejam corretores, peritos e profissionais de seguradora. O Risco Moral é um grande problema e isso é complicado porque algumas regiões acabam sendo penalizadas por conta de irregularidades que as vezes podem ocorrer. Este é um problema que o setor precisa enfrentar para reduzir os problemas de sinistralidade", declarou.
O tema também foi abordado por Antônio da Luz. "Nós temos que trabalhar para que o Risco Moral seja reduzido a zero. Não tem que ter nenhum incentivo. Mas, também é importante que todas as operadoras de seguro rural tenham a devida perícia, a pontualidade no atendimento dos prazos", avaliou. "Este ano foi caótico para os produtores e para as seguradoras e deixa um aprendizado. Estamos vivendo um ano muito particular, muito singular, e o seguro mostrou seu tamanho e sua importância. Nós entendemos que o seguro rural precisa evoluir" comentou Luz que concluiu, "Não se faz seguro rural sem fortalecer o orçamento do seguro rural". A Farsul disponibilizou o vídeo da reunião em seu canal do You Tube.